Notícias

Frente propõe revisão geral dos subsídios embutidos na conta de luz e transferência de custos para União

A Frente formalizou junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma proposta de revisão geral dos subsídios embutidos na conta de luz e de transferência dos custos desses subsídios para o Tesouro Nacional. Na avaliação da Frente, grande parte dos incentivos hoje em vigor perderam a razão de existir, ou porque destinam recursos a atividades já consolidadas e viabilizadas economicamente, ou porque incentivam práticas que causam danos ao meio ambiente, como o subsídio para o carvão. A proposta foi apresentada na consulta pública promovida pela agência reguladora para o debate sobre o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Dados da Aneel mostram que, ao longo dos últimos 10 anos, houve um aumento de 163% no volume de recursos destinados ao custeio de políticas públicas do setor elétrico brasileiro por meio do repasse de encargos na CDE, que compõe a tarifa de energia paga pelos consumidores. Esse custo, que contribui decisivamente para que o Brasil tenha uma das contas de luz mais caras do mundo, passou de R$ 14,1 bilhões em 2013 para a expectativa de R$ 37,1 bilhões em 2024.

Subsídios desnecessários e que promovem poluição
A maior parcela do volume de recursos com repasse via CDE vai para fontes renováveis, como a eólica e a solar, ambas atualmente com preços competitivos e grandes mercados já consolidados. Em 2023, foram R$ 10,3 bilhões destinados às Fontes Incentivadas e outros R$ 7,1 bilhões para geração distribuída, segundo dados do Subsidiômetro da Aneel. Juntos, os dois subsídios somaram R$ 17,4 bilhões, quase a metade dos R$ 34,9 bilhões orçados para 2023.

Também foram destinados R$ 12 bilhões para a chamada Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), subsídio que banca os custos com óleo diesel para o fornecimento de energia nos sistemas isolados. A Frente argumenta que as tecnologias disponíveis atualmente já permitem a substituição, ainda que gradual, do diesel por fontes limpas.

“As energias renováveis são essenciais para a transição energética do país. Felizmente, eólica e solar já se viabilizaram economicamente e não precisam mais de subvenções. Por outro lado, os sistemas isolados também não precisam mais ser alimentados com diesel, justamente porque já é viável fazer isso com fontes renováveis. Esses são exemplos de subsídios que não devem mais existir ou que precisam passar por profunda revisão”, afirma o presidente da Frente, Luiz Eduardo Barata.

Outra grande incoerência é o subsídio dado à produção de carvão mineral, que em 2023 foi de R$ 1,1 bilhão e em 2024 deve subir 8% e chegar a R$1,2 bilhão. Somados, a CCC e o incentivo ao carvão mineral passaram dos R$ 11,4 bilhões em 2023. “O país tem na transição energética uma prioridade nacional e busca protagonismo global como produtor de energia limpa, mas força os consumidores a pagarem por meio da conta de luz valores bilionários para gerar eletricidade com diesel e carvão. Uma grande contradição”, destaca Barata.

Subsídios legítimos que devem ser custeados pela União
Por outro lado, existem subsídios legítimos que devem ser mantidos, como o que é destinado ao financiamento da Tarifa Social (TSEE), que no ano passado custou R$5,6 bilhões e deve subir para R$ 6,1 bilhões em 2024. A TSEE é destinada à redução da conta de luz para a população de baixa renda. Para casos como este, a Frente defende que o custeio parta da União, por meio do Tesouro Nacional, e não mais da conta de luz.

A transferência do custeio para a União deve ocorrer de forma planejada e gradual, de modo que o Tesouro Nacional possa organizar o orçamento e não haja prejuízo para nenhuma das partes envolvidas, defende a Frente. A entidade também propõe uma criteriosa avaliação de sustentabilidade econômica e socioambiental para cada subsídio. “É preciso que os incentivos sejam sustentáveis e que seus impactos sejam permanentemente monitorados e ajustados de acordo com a realidade. O país não pode apenas seguir acumulando subsídios indiscriminadamente”, alerta o presidente da Frente.

Confira a íntegra da contribuição enviada pela Frente à Aneel

Compartilhe essa publicação

Confira mais notícias

carvão

21/10/2025

FNCE, Arayara e Observatório do Carvão Mineral manifestam repúdio ao Projeto de Lei nº 1.371/25
A FNCE, o Instituto Internacional Arayara, o Observatório do Carvão Mineral manifestam seu mais veemente repúdio ao Projeto de Lei (PL) nº 1.371, de 2025,...
xo

20/10/2025

Ibama suspende licença da maior Termelétrica a Gás Natural do Bioma Cerrado
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indeferiu a Licença Prévia da Usina Termelétrica a Gás Natural Fóssil (UTE) Brasília,...
painel

30/09/2025

Estudo identifica distorções na geração distribuída e propõe ajustes na regulação
Um estudo inédito encomendado pela FNCE e por outras entidades avaliou os impactos da política de incentivos à micro e minigeração distribuída (MMGD) no Brasil....
Audiência pública

18/09/2025

Audiência pública na Câmara debate o fim dos subsídios ao carvão mineral no setor elétrico
Nesta quinta-feira (18), FNCE, Instituto Arayara e Idec participaram de audiência pública sobre os subsídios concedidos ao carvão mineral no setor elétrico. Foi a primeira...
Itaipu

16/09/2025

Estudo mostra o impacto do custo de Itaipu para os consumidores brasileiros no 1º sem 2025
Responsável por acompanhar de forma permanente os custos de Itaipu para avaliar os riscos e impactos aos consumidores de energia, a equipe técnica da FNCE...
Baterias_

15/09/2025

FNCE propõe inclusão de baterias e resposta da demanda no LRCAP 2026
A FNCE protocolou na última sexta-feira (12) as contribuições à Consulta Pública 194/2025 sobre o Leilão de Reserva de Capacidade 2026. Foram apresentadas nove medidas...