Notícias

Estudo identifica distorções na geração distribuída e propõe ajustes na regulação

Um estudo inédito encomendado pela FNCE e por outras entidades avaliou os impactos da política de incentivos à micro e minigeração distribuída (MMGD) no Brasil. O levantamento demonstra de forma detalhada a rentabilidade dos projetos de geração distribuída, seus efeitos colaterais para o sistema elétrico e propõe alternativas regulatórias mais equilibradas e sustentáveis. Abrace, Anace, Abradee, Abrage, Abeeólica, Abiape e Apine constituem o grupo de instituições que contratou o levantamento.

O trabalho, elaborado pelo consultor e pesquisador Marcos Delgado, revela que a rentabilidade da MMGD atingiu níveis muito acima de outros setores de infraestrutura, com taxas internas de retorno que podem ultrapassar 50% ao ano. Essa atratividade decorre da combinação entre a queda dos preços dos módulos fotovoltaicos e a manutenção de subsídios previstos na Lei 14.300/22.

O relatório mostra que esses incentivos têm sido financiados pelos demais consumidores de energia elétrica, que arcam com tarifas mais altas. Em julho de 2025, por exemplo, cada unidade beneficiada pela MMGD recebeu em média R$ 210 mensais em subsídios, valor quase sete vezes maior do que o repassado aos consumidores de baixa renda (R$ 31/mês).

Impactos no sistema elétrico e na economia

As análises estatísticas incluídas no estudo indicam que os benefícios tradicionalmente atribuídos à MMGD — como a redução de perdas elétricas e de investimentos em transmissão — foram circunstanciais e não se sustentaram com a massificação da modalidade.

Por outro lado, os efeitos negativos se intensificaram: a sobreoferta de geração distribuída contribuiu diretamente para o aumento dos cortes de geração (curtailment) determinados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), penalizando usinas centralizadas. Além disso, os subsídios associados à MMGD pressionaram tarifas e índices de preços, afetando tanto a competitividade da indústria nacional quanto o orçamento das famílias.

Recomendações e caminhos de ajuste

Inspirado em experiências internacionais — como as dos estados de Texas, Califórnia e Massachusetts, que modernizaram seus modelos de net metering com agilidade — o estudo sugere duas medidas principais:

1. Incluir a MMGD no rateio de compensações financeiras decorrentes de cortes de geração (curtailment), de forma a aliviar os custos atualmente suportados apenas por usinas centralizadas e consumidores.

2. Antecipar os prazos de redução das isenções tarifárias previstos na Lei 14.300/22, o que poderia reduzir em até 5% as tarifas de energia elétrica já em 2026.

Essas mudanças, segundo o estudo, garantiriam a manutenção da rentabilidade esperada pelos investidores da MMGD, ao mesmo tempo em que restabeleceriam maior equidade e sustentabilidade para o setor.

Confira o estudo na íntegra

Compartilhe essa publicação

Confira mais notícias

eolicasolar

14/11/2025

FNCE afirma: consumidores de energia não aceitam pagar por cortes de renováveis
A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) defende o veto presidencial a todos os artigos do Projeto de Lei de Conversão (PLV nº10/2025) da...
carvão

21/10/2025

FNCE, Arayara e Observatório do Carvão Mineral manifestam repúdio ao Projeto de Lei nº 1.371/25
A FNCE, o Instituto Internacional Arayara, o Observatório do Carvão Mineral manifestam seu mais veemente repúdio ao Projeto de Lei (PL) nº 1.371, de 2025,...
xo

20/10/2025

Ibama suspende licença da maior Termelétrica a Gás Natural do Bioma Cerrado
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indeferiu a Licença Prévia da Usina Termelétrica a Gás Natural Fóssil (UTE) Brasília,...
painel

30/09/2025

Estudo identifica distorções na geração distribuída e propõe ajustes na regulação
Um estudo inédito encomendado pela FNCE e por outras entidades avaliou os impactos da política de incentivos à micro e minigeração distribuída (MMGD) no Brasil....
Audiência pública

18/09/2025

Audiência pública na Câmara debate o fim dos subsídios ao carvão mineral no setor elétrico
Nesta quinta-feira (18), FNCE, Instituto Arayara e Idec participaram de audiência pública sobre os subsídios concedidos ao carvão mineral no setor elétrico. Foi a primeira...
Itaipu

16/09/2025

Estudo mostra o impacto do custo de Itaipu para os consumidores brasileiros no 1º sem 2025
Responsável por acompanhar de forma permanente os custos de Itaipu para avaliar os riscos e impactos aos consumidores de energia, a equipe técnica da FNCE...