A transição energética precisa ser planejada diante do aumento da demanda por energia e os compromissos assumidos até aqui devem ser reavaliados considerando o novo cenário de consumo. Essas foram algumas das mensagens passada pela diretora executiva da COP 30, Ana Toni, na abertura do seminário “Clima, sociedade e energia: oportunidades e desafios da transição energética no Brasil rumo à COP30”, realizado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) nesta quarta-feira (14).
“Precisamos de políticas específicas, mas também de uma visão sistêmica. Eficiência energética deve ganhar mais espaço, assim como a distinção entre crescimento econômico e prosperidade real. É preciso desvincular o desenvolvimento do aumento das emissões”, afirmaou Toni.
O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil para discutir temas críticos do setor elétrico brasileiro. Durante o seminário, a FNCE também lançou o estudo Descarbonização dos Sistemas Isolados na Amazônia, desenvolvido pela consultoria Envol, e apresentou resultados preliminares do estudo Alternativas Justas para o fim do Carvão na geração de energia, em elaboração pela consultoria Volt Robotics.
Ana Toni destacou a relevância da FNCE na articulação do debate energético sob a ótica dos consumidores. Ela afirmou que, apesar da matriz energética brasileira ser historicamente renovável e robusta, o Brasil demorou a tratar com seriedade o tema da energia. “Eventos como este são fundamentais para discutir que tipo de transição energética queremos, além de preparar o Brasil para a COP30”, disse Toni,
Segundo ela, o Brasil costuma chegar de forma tímida nos debates das COPs, mas há uma expectativa de maior protagonismo na próxima edição: “A COP28 já apontou temas que precisamos enfrentar com mais clareza na COP30. Não vejo as incoerências como algo negativo — pelo contrário, elas refletem o nosso nível de maturidade para lidar com questões complexas. Foi muito positivo termos conseguido expor esses desafios de forma menos polarizada neste debate.”
Toni concluiu defendendo que os debates internacionais sejam de fato priorizados na COP30: “Não precisamos ir a Belém para fazer apenas debates nacionais. A prioridade deve ser como colocar em prática, de forma coletiva, os próximos passos da descarbonização do setor elétrico”, completou.