Habitantes das regiões remotas que continuam dependentes da autogeração a diesel sofrem impactos sociais e ambientais ainda piores. Especialistas estimam que esse conjunto envolve cerca de 1 milhão de pessoas, que hoje estão em situação de exclusão energética. Sem acesso formal à eletricidade, não são atendidas por distribuidoras nem têm apoio do poder público para acesso a esse serviço essencial, como mostra o estudo Descarbonização dos Sistemas Isolados na Amazônia, elaborado pela consultoria Envol a pedido da Frente Nacional dos Consumidores de Energia.
Há relatos de famílias em regiões remotas da Amazônia Legal que já chegaram a gastar até R$ 900 por mês com combustível para motores a diesel que operam de 6 a 8 horas ao dia. Essas famílias também têm despesas com manutenção, reposição de peças e mão de obra. Essas pessoas precisam se deslocam para comprar combustível ou precisam receber esse insumo por meio de transporte fluvial.
Nesse grupo de consumidores em situação de exclusão energética, há pessoas sem registro civil, desconhecidas pelo Estado. Seus custos com a compra de combustível não são contabilizados para fins do orçamento da CCC, o que restringe ainda mais seu acesso regular e sustentável à eletricidade.
A ausência de fornecimento contínuo de energia impede que adultos trabalhem em casa, que jovens e crianças estudem à noite, que alimentos sejam refrigerados adequadamente ou que pequenos negócios prosperem. Nesse contexto, além dos imperativos climáticos e tecnológicos, a transição energética na Amazônia Legal é uma emergência social que precisa de soluções concretas.